quinta-feira, 1 de maio de 2008

COMENTÁRIO DA RAPOSA E O LEÃO

Quem nunca viveu situação semelhante? Infelizmente, o pouco de liberdade outorgada rapidamente transforma-se em abuso contumaz. Estendemos a mão para certas pessoas que infelizmente acabam querendo muito mais do que podemos oferecer. E não foi nem este o caso do leão! A simples convivência com a raposa fez com que ela perdesse completamente o respeito pelo rei da selva.
É por isso que os líderes atuais tendem a isolar-se cada vez mais. É por isso que raramente veremos pessoas em posição hierárquica elevada misturando-se às massas. Jamais veremos os embaixadores e diplomatas nas arquibancadas dos estádios - eles estarão nas tribunas de honra! Jamais veremos os políticos almoçando em self-services ou restaurantes populares (exceto em época de eleição). E dificilmente veremos líderes religiosos relacionando-se intensamente com seus seguidores, ou seja, interagindo com eles em ambientes informais, fora da esfera eclesiástica.
Antes, quando eu observava isto, ficava abismado. Não entendia como pode um pastor ter mesa reservada nos almoços, não precisar ficar na fila da cantina, possuir banheiro exclusivo e outras prerrogativas que eu julgava como "regalias". Quando tornei-me um pequeno clérigo, tentei romper estas barreiras. Em meu início de carreira, era comum ver-me "nas águas da galera", frequentando casas de pessoas que eu considerava amigas, saindo para almoçar com elas, passando horas de conversações e outras atividades do gênero.
Como consequência, a diferença que deve haver entre o ministro e o ministrado foi desaparecendo gradativamente. E com ela, o respeito. Já não era o Evangelista Daniel que era visto no púlpito. Era o "amigo", o "coleguinha", o "camarada", "um dos nossos". Isto aconteceu com Jesus também e está registrado no Evangelho de Lucas. Sua comunidade de Nazaré não o quis receber pelo fato de ter convivido com Ele em sua infância. "Não é este o filho do carpinteiro?" - perguntavam.
Depois de muitas experiências desagradáveis, aprendi que águia voa sozinha. Você pode até ver pombos e pardais andando em bandos, mas jamais verá a águia copiar-lhe o exemplo. Hoje, até meus sorrisos estão escassos para não dar margem a más interpretações. Até meu aperto de mão mudou. Amigos? Só um e é meu irmão. Conselheiros? Meus pais. Conversas? Só com minha noiva. Orações? Somente ao meu Deus. Desabafos? Em meu blog.
Não precisa mais do que isso. Quanto menos nossa vida for exposta, menos armas estaremos dando aos nossos inimigos. Até porque não é a nossa pessoa que deve estar na vitrine e sim a nossa doutrina, que é a de Cristo Jesus.

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